Como eu
tinha falado no post anterior, o sistema de ensino europeu é bem diferente do
brasileiro. Entretanto, uma das coisas que mais me surpreendeu foi o método de
avaliação aplicado aqui na University of Birmingham.
Eu já
expliquei no outro post que aqui o curso é contabilizado em anos, em vez de
semestres como acontece no Brasil. Além disso, o ano letivo começa em setembro
e vai até o final de junho do ano seguinte. Nesse tempo existe um recesso de um
mês para o Natal e Réveillon. O mês de abril também é de recesso por causa da
Páscoa.
As matérias de cada ano são separadas em ‘Autumn’
– que corresponde ao período de setembro a dezembro - e ‘Spring’ – que vai de
janeiro a março.
É em maio
que começa toda a correria de provas e entrega de trabalhos. Então você tem aula
desde setembro, tem duas férias no meio tempo e só vai começar a fazer as provas
em maio.
É um
sistema muito complicado na minha visão de aluna brasileira. Uma matéria que você
teve aula no período de setembro a dezembro ter suas avaliações somente em maio
do ano seguinte parece loucura para quem está acostumado a ter (pelo menos) duas
provas de cada matéria por semestre. E é loucura mesmo, porque nessa época a
biblioteca funciona 24h e as pessoas só saem de casa para necessidades básicas,
como comprar comida.
A
diferença, no entanto, dos alunos europeus para os brasileiros é que eles já
entram na universidade acostumados com esse método, então estudam desde que o
período letivo começa. Parte da carga horária das matérias já considera o tempo de estudo fora da sala de aula. Por outro lado, os brasileiros, com o seu bom e velho
hábito de deixar tudo para a última hora, passam o ano todo assistindo as aulas
e levando com a barriga e se desesperam quando se deparam com assunto de 10
matérias diferentes para estudar. Ainda mais se for levada em conta a euforia
de ter chegado em um país diferente, onde tudo é novidade, é difícil parar para
estudar sem a cobrança de prova por perto.
É claro que
nem todo mundo passa por isso, mas boa parte dos intercambistas enfrenta esse
problema, inclusive essa procrastinadora que vos escreve.
A
universidade lançou o calendário oficial das provas no meio de abril, e a
espera por esse calendário deixa muitos alunos na incerteza de marcar ou não
viagem nessa época. Eu encarei de forma mais realista possível para mim: se eu
passasse abril inteiro em casa, ia procrastinar mais do que estudar, então é
melhor gastar meu tempo viajando mesmo.
Meu caso
foi assim: minha primeira prova estava marcada no dia 08/05 e eu viajei até o
dia 19/04. Fazendo as contas, é fácil perceber que eu tive pouco mais de duas
semanas para estudar para 7 matérias e escrever um report de 7000 palavras
(assunto que eu vou abordar em outro post).
Foi
correria sem fim, gente, mas deu tudo certo no final! Eu consegui passar em
todas as matérias! :)
Isso até me surpreendeu no início, porque eu não achava que seria fácil passar em tudo, considerando que eu seria avaliada em inglês e numa universidade bem conceituada da Europa. No entanto, aqui eu descobri que o ensino no Brasil não perde para as universidades europeias. Me deparei com muitas provas fáceis, questões repetidas em vários anos e provas que não medem nem um pouco a inteligência do aluno, mas sim a sua capacidade de decorar respostas montadas.
Por um lado isso me decepcionou um pouco, porque parte do intercâmbio é o desafio de ser avaliado em outra língua e numa dificuldade maior que a que você está acostumado. Em compensação, saber que meu país pode me oferecer uma base forte na minha formação acadêmica é uma extrema satisfação. Não posso dizer que gostei do sistema europeu, mas acredito que o grande motivo para isso seja o costume com uma realidade diferente.
Outra coisa que me pareceu bem esquisita no sistema de avaliação da universidade é a graduação das provas. Aqui, ninguém tira "10". A equivalência do sistema deles com o sistema americano mostra que a nota 70 (de 100) já é considerada A+. Isso não faz o menor sentido na minha cabeça e de nenhum brasileiro que eu conheço. Acertar 70% de uma prova no Brasil é considerado uma nota razoável, mas aqui é excelente. E, sendo assim, é bem difícil tirar notas acima disso. É possível de tirar, mas muitas vezes você recebe um feedback de um trabalho com praticamente nenhuma crítica e uma nota abaixo de 80%. Os nerds que se preparem!
Isso até me surpreendeu no início, porque eu não achava que seria fácil passar em tudo, considerando que eu seria avaliada em inglês e numa universidade bem conceituada da Europa. No entanto, aqui eu descobri que o ensino no Brasil não perde para as universidades europeias. Me deparei com muitas provas fáceis, questões repetidas em vários anos e provas que não medem nem um pouco a inteligência do aluno, mas sim a sua capacidade de decorar respostas montadas.
Por um lado isso me decepcionou um pouco, porque parte do intercâmbio é o desafio de ser avaliado em outra língua e numa dificuldade maior que a que você está acostumado. Em compensação, saber que meu país pode me oferecer uma base forte na minha formação acadêmica é uma extrema satisfação. Não posso dizer que gostei do sistema europeu, mas acredito que o grande motivo para isso seja o costume com uma realidade diferente.
Outra coisa que me pareceu bem esquisita no sistema de avaliação da universidade é a graduação das provas. Aqui, ninguém tira "10". A equivalência do sistema deles com o sistema americano mostra que a nota 70 (de 100) já é considerada A+. Isso não faz o menor sentido na minha cabeça e de nenhum brasileiro que eu conheço. Acertar 70% de uma prova no Brasil é considerado uma nota razoável, mas aqui é excelente. E, sendo assim, é bem difícil tirar notas acima disso. É possível de tirar, mas muitas vezes você recebe um feedback de um trabalho com praticamente nenhuma crítica e uma nota abaixo de 80%. Os nerds que se preparem!
Nem todo mundo
teve a mesma sorte de ter sido aprovado em todas as matérias. Muitas pessoas
reprovaram uma ou duas matérias, mas eu não sei dizer ao certo as consequências
disso.
Beijos!
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